Com três
letrinhas apenas
Se escreve a
palavra MÃE
É das
palavras pequenas
A maior que o
mundo tem.
Quadra
popular
As mães são
as mais altas coisas/que os filhos criam
Herberto
Helder
Mãe, as flores adormecem
Quando se põe o Sol!
Filha, para as adormecer
Canta o rouxinol...
Mãe, as
flores acordam
Quando nasce
o dia!
Filha, para
as acordar
Canta a
cotovia...
Mãe, gostava
tanto de ser flor!
Filha, eu
então seria uma ave...
Matilde Rosa
Araújo
Tenho
saudades do calor ó mãe que me penteias
Ó mãe que me
cortas o cabelo — o meu cabelo
Adorna-te
muito mais do que os anéis
Dá-me um
pouco do teu corpo como herança
Uma porção do
teu corpo glorioso — não o que já tenho —
O que em ti
já contempla o que os santos veem nos céus
Dá-me o pão
do céu porque morro
Faminto,
morro à míngua do alto
Tenho
saudades dos caminhos quando me deixas
Em casa.
Padeço tanto
Penso tanto
Canto tão
alto quando calculo os corpos celestes
Ó infinita ó
infinita mãe
Daniel Faria
«Meu filho:
onde vais
que tens do
rio o caminhar?»
Não espreites
a estrada, mãe,
que eu nasci
onde o tempo
se despenhou.
«Meu filho:
onde te posso
lembrar
se apenas te
dei nome para te embalar?»
Mãe, minha
mãe:
não te pese
saudade
que eu
voltarei sempre
como quem
chega do mar.
«Meu filho:
onde te posso
nascer
se meu ventre
seco
nunca ninguém
gerou?»
Mãe, nascerás
sempre
na pedra em
que te escuto:
a tua
ausência, meu luto,
teu corpo
para sempre insepulto.
Mia Couto
Era tão
pequena a mão que
nem o seu
dedo mendinho
conseguia
agarrar. Pesava
quinhentos
gramas e respirava
sem ajuda do
ventilador
O coração da
sua mãe quase
que não batia
com receio de
que ele
sufocasse sob o peso
do seu amor
Jorge de
Sousa Braga
A mãe negra embala o filho.
Canta a remota canção
Que seus avós já cantavam
Em noites sem madrugada.
Canta, canta para o céu
Tão estrelado e festivo.
É para o céu que ela canta,
Que o céu
Às vezes também é negro.
No céu
Tão estrelado e festivo
Não há branco, não há preto,
Não há vermelho e amarelo.
– Todos são anjos e santos
Guardados por mãos divinas.
A mãe negra não tem casa
Nem carinhos de ninguém…
A mãe negra é triste, triste,
Mas olha o céu estrelado
E de repente sorri.
Parece-lhe que cada estrela
É uma mão acenando
Com simpatia e saudade…
Aguinaldo Fonseca, poeta
cabo-verdiano
Também na
prosa há personagens que são belas homenagens às mães.
Este mês
trazemos algumas delas como sugestões de leitura ou de oferta a mães ou a
filhos...
Os Ovos
Misteriosos, de Luísa Ducla Soares, apresenta-nos uma mãe que
não faz distinção entre os seus filhos tão diversos: tem amor para dar a todos
e coragem para os defender de qualquer ameaça! É uma verdadeira mãe do coração!
Outra mãe inesquecível é a do romance de António Mota, Fora de Serviço. Aparece na tua Biblioteca Escolar e requisita esse romance jovem antes que outros o façam. Vem conhecer o Rui e o Carlos, cuja mãe decide ficar uns tempos...fora de serviço! A vida sem ela não será nada fácil..
Também Ilse Losa criou personagens de mães que dificilmente esqueceremos.É o caso D. Rosa, mãe do Luís do conto Na quinta das cerejeiras, ou a D. Júlia, mãe do Manuel do conto Faísca conta a sua história.
E também decidimos destacar escritoras que
foram ou são grandes mães: Sophia de Mello Breyner Andresen dispensa
apresentações. Mãe de 5 filhos, foi para
eles que começou a escrever os seus maravilhosos e inesquecíveis contos
infantis;
Alice Vieira é outra escritora que começou a
sua aventura pela escrita para os mais novos na companhia dos seus dois filhos.
É verdade, Rosa, minha irmã Rosa foi um livro escrito com a
colaboração dos seus filhos!
Também Maria Alberta Menéres foi uma grande mãe; uma das suas
filhas é a cantora Geninha Melo e Castro, sabias?
Cecília Meireles, a grande poetisa brasileira teve
três filhas, que eram conhecidas como “as 3 Marias de Cecília”.
J.K. Rowling, a famosíssima “mãe” de Harry
Potter, teve ela própria três filhos.
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