O meu recreio na escola ou o meu recreio em casa

 O Luís da EB das Devesas enviou um belo texto sobre as suas vivências em tempos de confinamento e incentiva todos a porem-se no lugar dos outros, para nos entendermos melhor. 

"O meu recreio na escola ou o meu recreio em casa"

Numa tarde de fevereiro tive saudades do recreio da minha escola, dos meus amigos e de todas as brincadeiras que fazíamos juntos. 

A minha escola tem um recreio com duas balizas onde jogava futebol com os meus amigos, um parque com um escorrega onde algumas vezes também brincava com os meus amigos. Eu e os meus amigos brincávamos às apanhadinhas, às escondidas, ao congela e outros ogos que inventamos. 

Porém no Natal de 2019 apareceu na China uma doença que se chama COVID-19. Esta doença espalhou-se pelos outros países do mundo, incluindo Portugal. Por causa disso todas as pessoas foram obrigadas a ficar em casa. Houve outras delas que ficaram sem emprego. Eu e os meus colegas passamos a ter aulas em casa, sendo que foram muitos dias sem as brincadeiras no recreio. Cada dia que passava, eu relembrava como o recreio da minha escola é grande, tem árvores, um campo de futebol, um jardim, um cesto de basquetebol, um escorrega, um parque, entre outras coisas. O que o torna o recreio da minha escola especial são os meus amigos e todas as brincadeiras que lá fazemos em conjunto.  

Neste tempo de pandemia, pela segunda vez, estamos todos novamente em casa. É complicado para mim brincar com crianças, sou filho único. Os meus primos mais pequenos estão longe no Algarve. Fico algumas horas sozinho a brincar. Às vezes é divertido porque faço brincadeiras com os meus pais, mas quando eles estão em teletrabalho eu ligo a PlayStation.  Por vezes tenho amiguinhos para jogar, outras vezes não. Os jogos virtuais são diferentes do recreio da escola, pois por vezes não comunicamos ou não respondemos uns aos outros e retiramos também a possibilidade de jogar uns aos outros. No recreio da minha escola brincamos todos juntos, jogamos todos futebol e normalmente não tiramos ninguém da brincadeira, mesmo quando estamos a perder.  

Fiquei a pensar que por detrás de um jogo virtual, do computador, de um email está lá alguém que fica triste ou feliz connosco, da forma como o tratamos. No recreio da minha escola nós vemos as caras dos meninos tristes porque não estão a brincar, ouvimos a voz e conseguimos ver o olhar. Eu gostava muito que os meninos pensassem nisto: podemos não ver as caras, mas imaginar primeiro como os outros se estão a sentir. 

Eu quero brincar, jogar futebol com os meus amigos e fazer muitas brincadeiras no recreio da minha escola. Em março espero regressar à escola, voltar a ver os meus amigos ao vivo e não por um ecrã e brincar com eles! 

VAMOS TODOS FICAR BEM

                                          Luís Miguel – 4º ano – Escola Básica das Devesas

 

                                                          Boa, Luís!