A Equipa da Biblioteca Escolar deseja a toda a comunidade educativa um excelente ano letivo, pleno de sucesso, crescimento sadio e alegre convivência.
Neste início de ano, partilhamos um texto de Pedro Strecht sobre os direitos das crianças.
Neste início de ano, partilhamos um texto de Pedro Strecht sobre os direitos das crianças.
Todas as crianças com mais de cinco anos têm direito a
desabafar.
Todas as
crianças até aos onze ou doze anos têm direito a andar grátis no Carrocel
quando estão de férias.
Todas as
crianças que andam na Escola têm direito a serem alegres, terem amigos e a
brincarem com os outros. Têm direito a ter uma Professora que não grite com
elas.
Todas as
crianças têm direito a ver o mar verdadeiro, especialmente em dia de maré
vazia.
Todas as
crianças têm direito a, pelo menos uma vez na vida, escolher um chocolate que
lhes apeteça.
Todas as
crianças têm direito a terem orgulho na sua existência.
Todas as
crianças têm direito a pensar e a sentir como lhes manda o coração, até serem
velhas, aí com uns vinte anos.
Todas as
crianças têm direito a terem em casa o Pai e a Mãe, os irmãos, se houver, e
comida. Se o Pai e Mãe não conseguirem viver juntos têm direito a que cada um
deles respeite o outro.
Todas as
crianças têm direito a deitarem-se no chão para ver as nuvens passar,
imaginando formas de todos os bichos do Mundo combinadas com as coisas que
quiserem (por exemplo, um cão a andar de patins ou uma girafa de orelhas
compridas).
Todas as
crianças têm direito a começarem uma coleção não interessa de quê.
Todas as
crianças têm direito a chupar o dedo indicador que espetaram num bolo acabado
de fazer ou então lamber a colher com que raparam a taça em que ele foi feito.
Todas as
crianças têm direito a tentarem manter-se acordadas até tarde numa noite de
Verão, na esperança de verem uma estrela cadente e pedirem três desejos (a
justiça devia fazer acontecer sempre pelo menos um).
Todas as crianças
têm direito a escrever ou a falar uma linguagem inventada por elas (ou que
julgam inventada por elas), como por exemplo a «linguagem dos pês»:
«apalinpingupuapagempem dospos pêspês».
Todas as
crianças têm direito a imaginar o que vão querer fazer quando forem grandes
(habitualmente coisas extravagantes) e a perguntar aos adultos «o que queres
ser quando fores pequenino?».
Todas as
crianças têm direito a dormir numa cama sua, sentindo o cheiro da roupa lavada,
e a terem um espaço próprio na casa, pelo menos a partir do ano de idade.
Todas as
crianças têm direito a passear na rua tentando pisar apenas o empedrado branco
(ou só o preto); em opção, têm direito a fazer uma viagem contando quantos
carros vermelhos passam na faixa contrária.
Todas as
crianças meninos têm direito a, pelo menos uma vez na vida, perguntar a uma
menina «queres ser a minha namorada?» e todas as meninas têm direito a, pelo
menos uma vez na vida, responder, «sim, quero».
Todas as
crianças têm direito a ouvir um adulto contar pelo menos uma destas histórias:
Peter Pan, o Principezinho ou o Príncipe Feliz.
Todas as
crianças têm direito a ter alegria suficiente para imaginar coisas boas antes
de dormirem e depois, a sonhar com elas.
Todas as
crianças têm direito a ter um boneco de peluche preferido, especialmente quando
velho, já lavado e mesmo com um olho a menos.
Todas as
crianças (especialmente se já adolescentes) têm direito a usar os ténis
preferidos, mesmo que rotos e com cheiro tóxico.
Todas as
crianças têm direito a poder tomar banho sozinhas e a experimentar mergulhar na
banheira contando o tempo que aguentam sem respirar.
Todas as
crianças têm direito a jogar aos polícias e ladrões, preferindo inevitavelmente
serem ladrões.
Todas as
crianças têm direito a ter um colo onde se possam sentar, enroscar como numa
concha e receber mimos.
Todas as
crianças têm direito a nascer iguais em direitos.
Todas as crianças
têm direito a conhecer o sítio onde nasceram e a visitá-lo livremente.
Todas as
crianças têm direito a não ficarem sozinhas a chorar.
Todas as
crianças têm direito a viver num País que tenha um Ministério da Infância e
Juventude, que olhe verdadeiramente pelo crescimento afetivo e bem-estar
interior (sem preconceitos adultocêntricos ou hipocrisias com ares de cromo
abrilhantado).
Todas as
crianças têm direito a acreditar que têm um adulto que olha por elas e as ama
sem condição prévia (nem que seja Nosso Senhor).
Todas as
crianças têm direito a viver felizes e a ter paz nos seus pensamentos e
sentimentos.
In Crescer
Vazio - Repercussões psíquicas do
abandono, negligência e maus tratos em crianças e adolescentes, de Pedro Strecht.
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